omnipresença
Dezembro 30, 2016
Puseram-nos vícios na carne e vendas nos olhos
a morte é omnipresente. Aqueles ciprestes
dão sombra e sossego melhores que eu, choram
todas os silêncios dos homens. Seguirei
como querendo dobrar palavras amarrotadas
os passos incertos de poemas que gritam
nos corações fechados dos homens e mulheres
nas crianças que despertarão a meio da noite
recuso-me dormir mais. Eis tudo, a insónia
é uma amiga minha antiga que se sentava
no parapeito da janela da minha infância
cantava-me fábulas antigas e contos obscuros
sombras esparsas, e céus purpurinos
porque no meu peito habitava a curiosidade