Dois pontos
Maio 28, 2018
I
Continuemos com nossos dedos de conversa
como líquenes verdes aquecidos ao sol
nas pedras graníticas, nos gritos interiores
nas duas gemas de ovo róseas dos teus seios
meu amor poético, duma vida sem rigores
cidade hospitaleira dum país em guerra, fervo
dentro férvidos licores abundantes
numa árvore tesa a transbordar de seiva
no maior início, da palavra amor, é o rosto
dum pânico qualquer que em breve tudo acabe
II
Põe de lado agora as rimas várias. Bem sei
das dualidades obsessivas que a vida exige
dois braços, duas pernas, duas coxas,
dois olhos, dois lábios, duas nádegas
dois seios também, que eu nada olvido. Beijo
dois beijos de crepúsculo no conforto morno
duas almas em labirínticos prazeres,
dois corpos conectados que sobrevivem
voltámos aos tempos Grécia antiga. Vem fazer
constelações na pele com nossos dedos musicais
que tudo é escravidão, mas escolho ser
fiel ao amor ao qual me sinto cativo