Procura-se
Agosto 25, 2016
Procura-se gente que sinta solidão
Que leia poemas às escondidas
Sem planearem o futuro
Durante horas inconsequentes.
Procura-se
Os que não procuram nada
E trocam sorrisos e colam
Sorrisos na caderneta
Da memória intacta.
Procura-se gente que sinta,
(Espécie em vias de extinção)
Disponíveis de viajar neles próprios
Em viagens no imaginário
Sem saírem do seu lugar.
Que sintam compaixão por um bêbado
Que não ralhem com crianças
Que não espanquem com palavras
Que contem histórias aos filhos
E nos olhos se acendem
Luzes de concertos no Verão.
Procura-se gente
Que não lamente um lamento
Que não se ufane de infâmias
Que faça jus ao ar que respira
Que encontre poemas nas algibeiras
E não os atire ao rio
Para redimir-se do passado possivelmente triste.
Empilhadores de versos
Que saibam repelir a ansiedade
E gerir bem a pressão inevitável da Morte.
Procura-se também quem ame
Sem passar o tempo a descobrir diferenças
Entre os rostos do amor e paixão
Sem alinhamento de astros
Nem leituras do zodíaco
Aceitando que o amor
É mais real que todos os deuses.